Autora: Fernanda Dresch Xavier
Turma: 9ª série B
Unidade: CEAT Lajeado
Professora: Leticia Gracioli
Era apenas mais uma simples quarta-feira. Bruno estava voltando do colégio, ele havia progredido muito com a sua pequena confusão entre as letras “l” e “u”. Ao chegar a sua casa, ele foi correndo abraçar a sua mãe, Joana, que, como de costume, falou:
-Cuidado, querido! A mamãe está um pouco dolorida.
O garoto entrou em casa, olhando ao redor, para ter certeza de que seu pai não estava por perto, e subiu para o se quarto. Largou a mochila na cama e sentou-se. Distraído, o menino estava imaginando como seu amigo, Fred, havia passado o dia, se ele estava faminto, se ele tinha se divertido e, principalmente, o que os dois fariam pela tarde. Pensando nisso, Bruno decidiu levar um livro ilustrativo para mostrar ao seu fiel companheiro.
Fred era o cachorro de um vizinho, porém, após a morte do seu dono, o cão passou a vagar pelas ruas. Os dois se davam muito bem. O menino sempre se lembrava de guardar um pedaço de suas refeições para levar-lhe, pois eles se encontravam todos os dias. Bruno saía em direção ao terreno baldio perto de sua casa, onde Fred passava a maior parte do tempo, todas as tardes.
Como sempre, Bruno havia enrolado o resto do seu sanduíche e seus biscoitos em um guardanapo, e estava prestes a ir ao encontro de Fred, quando, de repente, um barulho de porta batendo ecoou pela casa. Em seguida, a criança escutou uma pessoa gritando algo que mal podia se entender, porque a voz estava alterada. Então, ele ouviu a sua mãe chamando-o:
-Filho, sai de casa para brincar, agora!
Após isso, Bruno saiu para se encontrar com Fred, enquanto seus pais brigavam, pois seu pai tinha bebido excessivamente.
Ao avistar seu amigo, o cão saiu correndo para recebê-lo. O menino se sentou na grama verde e, ao seu lado, Fred. Bruno abriu o livro de imagens e começou a mostrar uma por uma para o cachorro e, ao mesmo tempo, cortava pedaços de pão para seu companheiro comer. Quando a criança percebeu, já estava tarde, e teria que voltar para casa.
Enquanto subia as escadas de seu lar, viu manchas de sangue e ouviu um barulho de choro ao fundo. Ele continuou subindo e encontrou sua mãe com o rosto ensanguentado e os braços e pernas com hematomas. Ela pediu para que ele ficasse aguardando-a no andar de baixo, pois faria as malas e eles e mudariam de cidade.
Passando pelo corredor, o menino viu seu pai deitado, imóvel e com uma faca em seu pescoço. Bruno entrou em choque e não sabia o que fazer, falar ou pensar, então, nesse momento, sua mãe tirou-lhe de lá. Após o assassinato por autodefesa, mãe e filho deixaram a cidade e Bruno nunca mais viu seu amigo Fred.