A negrinha do pastoreio

Manoela Lopes GuahybaAutora: Manoela Lopes Guahyba
Turma: 6ª série A
Unidade: Lajeado
Professora: Martiele Jung

Havia uma escola chamada Pastoreio na cidade de Porto Alegre, para o ensino fundamental, e na sexta série, tinha uma garota chamada Negrinha. Era chamada assim, porque era negrinha como piche e tinha olhos negros pretos. A menina gostava de sua escola, da sua família, era bem inteligente, tinha vários amigos, praticamente tudo para ser feliz. Estudava, brincava, lia, jogava, era uma garota normal.
Aí, no meio do ano, uma menina ingressou na escola. Seu nome era Laura, vinha de família rica, foi expulsa do seu último colégio, e sua principal diversão era atormentar Negrinha. Aos poucos, Negrinha foi encolhendo, encolhendo. Não sentia mais os cutucões de Laura, nem sua risada quando passava. Negrinha estava escrava da própria tristeza, mas ninguém percebia. E um dia, sem qualquer traço de compaixão na voz, ela disse:
– Escute aqui! Você vai fazer todos os meus temas e trabalhos a partir de agora. E que fique claro, que se contar para alguém, vai ser pior da próxima vez.
Então, ao invés de ficar de olhos fechados, atirada na cama pensando, em como sua vida havia ficado aquele grande caos, Negrinha fazia trabalho dobrado. Até que, no quinto dia de sua escravidão, depois de muito pensar, ela simplesmente decidiu falar com Laura. Resolveu não gritar, e educadamente falar para ela que aquilo não ia dar certo. No dia seguinte, Negrinha arriscou:
– Olhe, Laura, eu não acho muito bom você ficar me usando, mesmo assim, eu aceitei. Mas agora, não estou aguentando mais, então, desculpe, mas não posso mais fazer seus temas nem…
E ia continuar, quando a moça a interrompeu:
– Como assim? Não estou fazendo isso por mim, finalmente te dei a chance de fazer algo útil, não percebe? E não adianta negar, sabe que é verdade, que você é chata, burra e ninguém gosta de você!
As palavras de Laura feriam como se fossem chicotes ou picadas de formigas. E antes que percebesse, Negrinha estava em lágrimas gritando:
– NINGUÉM GOSTA DE VOCÊ! DIVERTE-SE MACHUCANDO OS OUTROS, E SE FINGE DE RAINHA, MAS NÃO FALTA MUITO PARA SER EXPULSA NOVAMENTE!
E qual foi sua surpresa ao ver que Laura também estava chorando e, em seguida, saiu correndo até o banheiro. Quando Negrinha a seguiu, Laura se lamentou:
– Na minha antiga escola, eu não tinha amigos, e todo mundo me gozava. Não fui expulsa, resolvi sair, porque não aguentava mais. Aí eu pensei que se eu fosse ruim como eram comigo, nada ia me atingir, mas acho que isso não deu certo, porque fiquei pior que eles!
Levou alguns dias até Negrinha conseguir convencer todos que Laura não era má, mas acho que era possível perceber sozinho. Laura percebeu que violência nunca é a solução, e Negrinha, que uma mão amiga ajuda tudo. Hoje, tudo está bem.

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