Formas magnéticas de amar alguém.

Estudante: Nathalia Baldo Dutra
Turma: 9ª série EF
Unidade: Lajeado
Professora: Leticia Gracioli

 

Em teus olhos eu descobri qual é o amor maior. Não sei explicar como, quando ou onde. Apenas sei que te vi, sorri e prometi que nunca mais tiraria os olhos de ti. Teus cabelos loiros, tuas bochechas rosadas cobertas por sardas, os lábios grossos, o sorriso perfeito, a pele viçosa e os olhos mais lindos que já contemplei. Segurava minhas mãos, enquanto falávamos sobre os desejos futurísticos que nem sabíamos se íamos realizá-los juntos, mas, ainda assim, falávamos, e como falávamos. Nossas bocas encostavam-se lentamente, nossos corações apertados, com medo de que aquele momento não durasse para sempre. Mal sabíamos nós que não duraria mesmo.
Enquanto explodíamos de amor, a vizinhança discutia na rua, homens falavam alto, mulheres corriam desesperadas com suas crianças choronas, todos apavorados com o barulho dos disparos que vinham do outro lado do morro. Tiros perdidos que, muitas vezes, matavam uma ou duas pessoas que moravam por ali. Realidade de uma população entristecida, que não sabia mais se esperar a sua hora chegar era algo bom ou ruim. Tinham noção do tempo vida, ouviam vozes dos deuses ou dos ventos, dependia da fé de cada um. Mesmo com tudo o que acontecia, tu insistias em me ensinar a ser forte e fiel à vida, dizia-me que a última coisa com que eu deveria me preocupar era a morte. Logo tu, aquele que em breve me deixaria sem uma última palavra, conselho ou frase, sem virar as costas e dar a última espiadela para checar minha reação.
O último disparo que fui capaz de contar não tinha vindo do outro lado, mas sim do nosso lado do morro, da nossa rua. Senti um frio na barriga, um calafrio passando pelo corpo, não estava entendendo nada. Procurei minha família, estavam todos dentro de casa, felizes, mesmo com o que acontecia fora. Procurei-te, entretanto não estava na tua nem na próxima casa. Havia sumido, bem no momento em que eu mais precisava do teu aconchego, do abraço envolvente e de um beijo molhado e estalado na testa. Precisava de ti, da tua presença, da calmaria que me trazia.
Andando pela rua à tua procura, deparei-me com a cena que partiu meu coração em mil pedaços. Tu estavas deitado com uma grande mancha de sangue, que parecia aumentar cada vez mais, na blusa que eu havia lhe presentado, estava imóvel e gelado. Senti que, por um segundo, meu coração parou, junto do resto do meu corpo. Na minha cabeça, passavam nossas conversas e planos feitos na varanda, os quais jamais poderiam ser realizados. O pior veio depois, quando eu procurei pelo brilho dos teus olhos, aqueles que eram como ímãs, prendiam minha atenção em todas nossas conversas. Eles estavam sem o brilho que normalmente tinham, nesse momento, o vazio tomou conta do meu peito. Tu não estavas mais vivo, disso não havia mais dúvidas.
Antes de sair do local e pedir ajuda, ajoelhei-me em direção aos céus e supliquei a todos os seres milagrosos, reais ou não, para que fizessem alguma coisa contigo. Pedi, até mesmo, que levassem a minha alma e deixassem-no, porém, não o fizeram. Havia chegado a tua hora. Ao partir, levou tudo o que eu tinha lhe dado de mais bonito, meu coração.
Voltei a olhar os teus olhos, neles pude ver-me, estava chorando quente, com uma louca vontade de estar contigo novamente. Nesses, visualizei amor e carinho, senti um conforto gigantesco e, mesmo que eles não estivessem com a mesma força magnética de sempre, não conseguia ignorá-los.

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