Autora: Jordana Pankowski Bandeira
Turma: 8ª série A
Unidade: Lajeado
Professora: Martiele Jung
Lá estava eu, sentada na minha cadeira de balanço, tomando um chá de maçã, como habitualmente faço no início da tarde. Aquele dia não era um dia feio, mas simplesmente um dia escuro e chuvoso.
Quando o meu celular tocou, demorei um pouco para atender, pois essas tecnologias não são do meu tempo. Era minha neta, perguntando se ela e o irmão não poderiam passar a tarde comigo. É claro que falei sim. Como toda a avó gosta de agradar seus netos, fui direto para a cozinha preparar um bolo de chocolate com cobertura de brigadeiro, a comida preferida dos dois.
Eram exatamente duas horas da tarde quando eles chegaram. Convidei-lhes para sentar e fui até a cozinha pegar o bolo. Enquanto estávamos comendo, as crianças não tiravam os olhos do celular. Isso me deixou um pouco frustrada, mas não falei nada. Sabia que uma hora a bateria iria acabar. Fui bem de fininho até o porão e desliguei a chave geral, para ter certeza de que, quando a bateria acabasse, eles não conseguiriam carregar os celulares.
Quando voltei, eles nem tinham percebido que estávamos sem energia, isto só ocorreu depois de meia hora, quando acabou a bateria dos celulares. Então, foram até o sofá onde eu estava sentada, sentaram-se ao meu lado e falaram: “vó, acabou a luz”, e eu com um sorriso travesso falei: “Nem tinha percebido!”. Então me perguntaram o que podíamos fazer, e eu lhes falei que poderíamos contar histórias. Eles pediram para eu contar alguma história da minha infância.
Contei para os meus netos a história da enchente de 1941. No ano de 1941, as condições financeiras de nossa família não estavam muito boas, pois os negócios do meu pai não iam bem, por isso tivemos que vender tudo o que tínhamos, restando-nos apenas um barco. Decidimos ir de barco para Encantado, onde morava o irmão da minha mãe e, lá, começarmos uma vida nova.
Então, dia 20 de abril de 1941, eu e minha família saímos da cidade de Cruzeiro do Sul e fomos em direção à cidade de Encantado pelo rio Taquari e, mesmo tendo ouvido algumas notícias de enchente, meu pai resolveu fazer a viagem. Quando saímos, estava chuviscando e observamos que o nível do rio estava mais alto. Para falar a verdade, todos os dias chovia e, a cada dia, a chuva ficava mais forte.
Na madrugada de 22 de Abril, estavam todos dormindo, menos eu. Estava muito frio e chovia bastante quando, de repente, escutei um barulho vindo da lateral esquerda e senti o barco parar. Chamei meu pai e vimos que ele tinha batido num toco e encalhado. Começamos a gritar até que um pescador nos escutou e, com seu pequeno bote, levou-nos até a cidade mais próxima, Lajeado. Ficamos em sua casa e ele nos falou que, além de estar chovendo, estavam sem comunicação há bastante tempo, desde 10 de abril. Ficamos ali por muitos dias, pois estávamos impossibilitados de sair por dois motivos: além de nosso barco ter estragado, a navegação estava proibida em função das cheias.
O ponto culminante foi em oito de maio, a quinta-feira negra, como ficou conhecida. Acordamos embaixo d’água, foi a maior correria. Tivemos que mudar de casa, como muitas outras famílias que ficaram desalojadas. Fomos para uma fazenda, num local mais alto, onde, com o passar do tempo, meu pai acabou arrumando um emprego. Identificou-se tanto com o trabalho que acabou tornando-se agricultor. Assim, nossos planos mudaram e ficamos na cidade de Lajeado.
Notei que meus netos estavam muito atentos, foi quando a campainha tocou, a tempo da história ter terminado. Meus netos foram embora com a certeza de sempre poderem voltar para escutar outras histórias.
Autora: Jordana Pankowski Bandeira
Turma: 8ª série A
Unidade: Lajeado
Professora: Martiele Jung
Voltar ao passado também pode ser legal
Lá estava eu, sentada na minha cadeira de balanço, tomando um chá de maçã, como habitualmente faço no início da tarde. Aquele dia não era um dia feio, mas simplesmente um dia escuro e chuvoso.
Quando o meu celular tocou, demorei um pouco para atender, pois essas tecnologias não são do meu tempo. Era minha neta, perguntando se ela e o irmão não poderiam passar a tarde comigo. É claro que falei sim. Como toda a avó gosta de agradar seus netos, fui direto para a cozinha preparar um bolo de chocolate com cobertura de brigadeiro, a comida preferida dos dois.
Eram exatamente duas horas da tarde quando eles chegaram. Convidei-lhes para sentar e fui até a cozinha pegar o bolo. Enquanto estávamos comendo, as crianças não tiravam os olhos do celular. Isso me deixou um pouco frustrada, mas não falei nada. Sabia que uma hora a bateria iria acabar. Fui bem de fininho até o porão e desliguei a chave geral, para ter certeza de que, quando a bateria acabasse, eles não conseguiriam carregar os celulares.
Quando voltei, eles nem tinham percebido que estávamos sem energia, isto só ocorreu depois de meia hora, quando acabou a bateria dos celulares. Então, foram até o sofá onde eu estava sentada, sentaram-se ao meu lado e falaram: “vó, acabou a luz”, e eu com um sorriso travesso falei: “Nem tinha percebido!”. Então me perguntaram o que podíamos fazer, e eu lhes falei que poderíamos contar histórias. Eles pediram para eu contar alguma história da minha infância.
Contei para os meus netos a história da enchente de 1941. No ano de 1941, as condições financeiras de nossa família não estavam muito boas, pois os negócios do meu pai não iam bem, por isso tivemos que vender tudo o que tínhamos, restando-nos apenas um barco. Decidimos ir de barco para Encantado, onde morava o irmão da minha mãe e, lá, começarmos uma vida nova.
Então, dia 20 de abril de 1941, eu e minha família saímos da cidade de Cruzeiro do Sul e fomos em direção à cidade de Encantado pelo rio Taquari e, mesmo tendo ouvido algumas notícias de enchente, meu pai resolveu fazer a viagem. Quando saímos, estava chuviscando e observamos que o nível do rio estava mais alto. Para falar a verdade, todos os dias chovia e, a cada dia, a chuva ficava mais forte.
Na madrugada de 22 de Abril, estavam todos dormindo, menos eu. Estava muito frio e chovia bastante quando, de repente, escutei um barulho vindo da lateral esquerda e senti o barco parar. Chamei meu pai e vimos que ele tinha batido num toco e encalhado. Começamos a gritar até que um pescador nos escutou e, com seu pequeno bote, levou-nos até a cidade mais próxima, Lajeado. Ficamos em sua casa e ele nos falou que, além de estar chovendo, estavam sem comunicação há bastante tempo, desde 10 de abril. Ficamos ali por muitos dias, pois estávamos impossibilitados de sair por dois motivos: além de nosso barco ter estragado, a navegação estava proibida em função das cheias.
O ponto culminante foi em oito de maio, a quinta-feira negra, como ficou conhecida. Acordamos embaixo d’água, foi a maior correria. Tivemos que mudar de casa, como muitas outras famílias que ficaram desalojadas. Fomos para uma fazenda, num local mais alto, onde, com o passar do tempo, meu pai acabou arrumando um emprego. Identificou-se tanto com o trabalho que acabou tornando-se agricultor. Assim, nossos planos mudaram e ficamos na cidade de Lajeado.
Notei que meus netos estavam muito atentos, foi quando a campainha tocou, a tempo da história ter terminado. Meus netos foram embora com a certeza de sempre poderem voltar para escutar outras histórias.