Autora: Gisa Schmidt da Silva
Turma: 7ª série B
Unidade: Lajeado
Professora: Martiele Jung
– Alô, aqui é da Central Telefônica. Em que posso servi-lo?
Era essa a frase que Eva de Silva Rodrigues dizia quando recebia ligações de diversos municípios da região do Vale do Taquari. A “centrista” recebia ligações e as passava, unindo as pessoas e atendendo às necessidades mais importantes da população daquela época. Em Lajeado, era única, e exerceu o cargo de telefonista até se aposentar. Os filhos: Adair, Almir, Adis e Aidê, junto do marido, Dorvalino Rodrigues, acompanharam a trajetória de Dona Eva, como era conhecida na comunidade, e o seu empenho em bem atender.
Eva Morava com sua família na casa onde funcionava o Centro Telefônico, onde hoje funcionam duas lojas, na Rua Júlio de Castilhos (Lojas Prata até a esquina). O ofício de telefonista, naquela época, exigia habilidade manual e boa memória. Em algumas casas de pessoas de mais posses, o telefone antigo era utilizado para ligar para a Central, onde Dona Eva atendia. Pediam pelo nome com quem queriam falar, e a telefonista acionava o número, na mesa telefônica, onde ligava uma chave, como se fosse acionar um fone de ouvido num rádio. E, então, discava para o número solicitado.
Esse equipamento importado era uma inovação para aquela época. Da marca Siemens, foi montado por seu Dorvalino, peça por peça, sem o apoio de manual de instruções. A mesa tinha trezentos números. Quando combinados, permitiam fazer ligações para empresas e pessoas da cidade e da Região as quais possuíssem telefone. Outra opção era dirigir-se à Central para fazer as ligações, serviço que era pago ali mesmo. Na Central, eram passados fonogramas de aniversário, casamento, formaturas e de pêsames, por algum falecimento. Esses eram datilografados com máquina de escrever e entregues por um mensageiro ao destinatário.
Dona Eva residia na Central Telefônica, pois recebia ligações noturnas para o chamamento de médicos, bombeiros, polícia e qualquer outra emergência. Quando recebia esses telefonemas e estava dormindo, tocavam a campainha em sua porta. Por vezes, levantava-se mais de quatros vezes à noite, o que tornava o trabalho árduo em alguns períodos.
A proximidade com as pessoas, através do telefone e no dia a dia, tornou Dona Eva conhecida por todos. De tantos anos trabalhando como telefonista, ela já havia decorado os trezentos nomes que atendia e os reconhecia pela voz, por exemplo:
– Com quem quer falar, seu João? Com o doutor Pedro?
Naquela época, as enchentes do Rio Taquari castigavam a comunidade. Certa vez, conta sua filha Aidê, um médico, que estava em Cruzeiro do Sul em um atendimento, ficou isolado da cidade, em razão da altura da água, e ligou para Dona Eva. Ao atender, mesmo antes de o médico se identificar, a telefonista adiantou-se:
– O que o senhor precisa, doutor?
E ele respondeu:
– Não adianta, Dona Eva, a senhora conhece a minha voz até de longe!