Cultura: impossibilidade de acesso e descaso governamental

Autora: Ana Carolina Dalla Vecchia
Turma: 3ª série do Ensino Médio
Unidade: Região Alta
Professora: Flávia Zanatta

Caso Mendel estivesse presente no século XXI, possivelmente aplicaria horas de estudo para entender por que o gene recessivo da apreciação pela cultura está se tornando praticamente inexistente. O Brasil pré-colonial se aproxima mais da Grécia antiga, sociedade de grande esplendor cultural, do que o Brasil contemporâneo, onde nunca se fez presente na coletividade a vontade em massa e a possibilidade de ler, frequentar teatros, museus ou até exposições artísticas com regularidade.
A falta de interesse pelos artefatos culturais não é característica somente da sociedade civil; o governo federal, segundo o artigo 215 da Constituição, tem o dever de fornecer à comunidade social acesso à cultura, além de apoiar e incentivar a difusão das manifestações culturais. Entretanto, a prática é sonegada e a porcentagem tributária que seria remetida à cultura é desviada ou reduzida. O trágico incêndio que, no trimestre passado, ocorreu no Museu Nacional, foi uma flagrante amostra do descaso governamental com a cultura nacional.
Junto à falta de interesse há a impossibilidade econômica da coletividade. Gastar capital com cultura, quando se ganha o suficiente apenas para não viver na miséria, é um supérfluo impossível. Um livro tem um custo altamente elevado para quem se enquadro nas classes pobres, uma entrada de cinema custa uma “refeição de vento”. Carolina Maria de Jesus, em seu diário atemporal, retrata com veracidade o que os moradores da favela, quarto de despejo das cidades, passam quanto à cultura: falta de dinheiro para alegrar a alma desfrutando da arte.
Para Rousseau, filósofo iluminista, “a única maneira de mudar a concepção das pessoas é através da educação”. Diante dessa ideologia, cabe às escolas, em parceria com as secretarias regionais de cultura, promover apresentações e oficinas que mostrem às crianças a importância da cultura na sociedade nacional. O Estado deve instaurar a isenção de cobrança para quem não tem condições financeiras de acesso a livros e teatros, além de comprometer-se no repasso financeiro a institutos públicos culturais. Com isso, a sociedade se tornará integralmente rica em cultura e remediada contra a pobreza artística.

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